Nos últimos dois anos, desde 2020, uma série de novos conceitos adentrou o mercado financeiro no país, que para muita gente fica até difícil acompanhar. O principal deles, o Open Finance, ou sistema de finanças abertas, derivado do Open Banking, abriu caminho para outras novidades a exemplo do Open Insurance, ou sistema de seguros aberto, que veio para revolucionar o setor.
Afinal, o Open Insurance traz como essência o desenvolvimento de um mercado de seguros com muito mais opções e modelos de negócios, onde se espera, principalmente, preços bem abaixo daqueles hoje encontrados.
E uma vez completamente implementado, o sistema de seguros aberto colocará em vigor uma série de novas regras que certamente movimentará os players do setor, aumentando a concorrência e beneficiando, por sua vez, o consumidor.
Para entender como ele funciona e como empresas e indivíduos podem usufruir das vantagens do Open Insurance acompanhe a nossa explicação.
O que é e como funciona o Open Insurance?
De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão do governo federal encarregado da autorização, controle e fiscalização do mercado de seguros no Brasil, o Open Insurance corresponde a um conjunto de regras e procedimentos que confere ao consumidor de seguros, previdência complementar e capitalização a possibilidade de compartilhar seus dados entre as empresas do setor, desde que credenciadas à Susep.
Assim como no Open Banking, esse compartilhamento só poderá acontecer se o cliente autorizar. Uma vez consentida, a partilha das informações se viabiliza por meio da padronização da forma como os dados são disponibilizados, do mesmo modo que produtos e serviços são ofertados e os sistemas e demais soluções são integrados.
Em outras palavras, as seguradoras e demais empresas participantes do mercado de seguros que quiserem fazer parte do Open Insurance deverão uniformizar suas tecnologias, seguindo a regulamentação. Tudo isso, em um ambiente que garanta a segurança e privacidade dos usuários e das transações.
Dessa forma, os dados que estão em uma determinada seguradora poderão ser consultados por uma concorrente participante do sistema, com o objetivo de oferecer um produto que melhor se adeque às necessidades do cliente e do seu momento de vida. E, certamente com melhores condições, como preços mais baixos, por exemplo, podendo conquistá-lo. Tais informações podem ser tipos de cobertura e proteção mais adquiridos, renda e perfil de crédito, entre outros.
Oferta de soluções
No contexto do Open Insurance, diversas soluções poderão ser desenvolvidas e ofertadas ao mercado. A princípio, é possível elencar três grupos principais. São eles:
Comparadores e marketplaces – são aplicativos que comparam produtos e serviços de várias seguradoras em um só lugar. Assim, o usuário poderá fazer escolhas mais conscientes. Por meio dessas soluções, o consumidor tem a oportunidade de usar seus dados pessoais para definir produtos mais condizentes com o seu perfil;
Aplicativos focados em inovação e conveniência – Novas soluções tecnológicas poderão ser criadas a fim de atender as necessidades e demandas dos consumidores. Um exemplo seria a reunir as informações da vida financeira do cliente em instituições diferentes; e
Iniciação de serviços através de meios digitais – aqui podem surgir funcionalidades como aviso de sinistros, portabilidade de previdência, entre outras possibilidades, disponibilizadas por canais digitais.
Como o Open Insurance está sendo implementado no Brasil
No Brasil, a implementação do Open Insurance foi dividida em três etapas. A cada fase, o sistema vai evoluindo para que mais dados, produtos e serviços sejam agregados. Dentro do esperado, a expectativa é que todo o processo esteja concluído até 2023.
1ª fase: Open Data
Em dezembro de 2021 foi iniciado o processo de implantação dos requisitos para compartilhamento de dados referentes a canais de atendimento e venda de produtos.
2ª fase: Compartilhamento de dados
Ao final de junho de 2022, com a conclusão da primeira fase, começou a preparação para a implementação, a partir de setembro, dos mecanismos e procedimentos para o tratamento e resolução de disputas entre os participantes. Ao mesmo tempo se iniciou a definição dos requisitos sobre o compartilhamento de dados cadastrais dos clientes, seus representantes e movimentações dos ramos com operações já registradas no Sistema de Registro de Operações (SRO).
3ª fase: Efetivação dos serviços
A previsão é de que comece em dezembro de 2022 e seja concluída em junho de 2023. Nessa etapa devem ser implantados os requisitos acerca do compartilhamento dos serviços de inicialização de movimentação relacionadas a seguros com operações já registradas no SRO.
Benefícios do sistema de seguros aberto
De acordo com a Susep, os benefícios esperados com Open Insurance são:
- Promoção da cidadania financeira;
- Inovação, por meio do uso de padrões avançados de tecnologia;
- Agilidade e precisão;
- Melhoria da experiência do cliente;
- Integração de serviços proporcionando aderência às necessidades do cliente e melhor custo-benefício; e
- Integração com o Open Banking.
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