Transição energética no Brasil: caminhos para alcançar a economia de carbono zero

O Brasil é uma das promessas para a transição energética e para uma economia de carbono zero. Mas quais são os caminhos para o país se tornar um dos principais atores dessa mudança estrutural?
Transição energética no Brasil: caminhos para alcançar a economia de carbono zero
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Amanda Stelitano
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Devido ao fato de boa parte da matriz energética brasileira ser renovável, com a origem das emissões de carbono em território nacional não sendo concentrada na produção de energia, o Brasil é uma das economias com cenários de transição energética mais promissoras no panorama internacional. Este contexto abre espaço para o país se destacar com investidores e autoridades a depender de como estruturar suas investidas no movimento de transição para uma economia de carbono zero. 

Reconhecendo esse grande potencial do Brasil para conseguir a transição para uma economia de baixo carbono até 2050, um grupo de instituições liderado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) desenvolveu o “Programa de Transição Energética” para o país. Ele inclui três cenários possíveis e pode ser o pontapé inicial que o Brasil precisa para assumir o pódio do debate verde global, atraindo investidores para o país.

O contexto nacional de transição energética

Os dois primeiros cenários apresentados – chamados de Transição Brasil e Transição Alternativa – são ambientados no contexto regional brasileiro, buscando identificar os processos da nova dinâmica de demanda energética. Nessa linha, a eficiência energética se torna uma das principais ferramentas de alinhamento e resiliência dos setores da indústria brasileira frente à transição energética. 

Isso porque a adesão de um controle inteligente do gasto de energia e a adaptação a matrizes de energia limpa nas operações produtivas geram maior valor competitivo para essas empresas no mercado, reforçam a segurança energética do segmento de produção industrial e da cadeia de valor inserida e, ainda, exportam a necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias focadas na transformação energética, fomentando a inovação do setor e a expansão de um mercado de trabalho verde.

Nesse sentido, esses – e qualquer cenário – de transição precisam que a colaboração entre o setor público e privado seja orientada para a captação de novos recursos, investimentos e aproveitamento das soluções baseadas na natureza disponível em território nacional. Isso porque, dessa forma, o setor financeiro e potenciais investidores conseguem enxergar um projeto de transição energética de baixo custo, fazendo gestão eficiente dos recursos naturais disponíveis e criando mecanismos de neutralização para a emissão de carbono descontrolada. 

Considerando, ainda, que grande parte das emissões de carbono e outros gases efeito estufa no Brasil não são originados do setor de energia com combustíveis fósseis, mas sim, de atividades do setor primário e uso da terra, o país conta com uma resistência menor para descarbonização da sua infraestrutura energética e dos seus processos de produção e consumo. 

Considerando, ainda, que grande parte das emissões de carbono e outros gases efeito estufa no Brasil não são originados do setor de energia com combustíveis fósseis, mas sim, de atividades do setor primário e uso da terra, o país conta com uma resistência menor para descarbonização da sua infraestrutura energética e dos seus processos de produção e consumo. 

Esse fenômeno soma mais um diferencial atrativo ao panorama brasileiro, refletindo diretamente em um menor impacto de transição do setor produtivo e industrial dependente de matrizes fósseis e poluentes. Em um momento crucial de atenção para a urgência da transição energética, as vantagens da baixa participação do setor produtivo nas emissões de carbono no Brasil tem potencial de se transformar em oportunidades de investimento em áreas de tecnologia, infraestrutura, transporte e educação para desenvolver uma indústria verde e baseada na meta final de carbono zero.

A transição global e um mundo de carbono zero

Embora os cenários projetados apresentem uma boa expectativa sobre a descarbonização das cadeias de produção no Brasil nos próximos anos, é importante que as etapas de transição encarem o principal desafio nacional frente às emissões de carbono e gases efeito estufa: o setor primário e desmatamento ilegal. Para se ter um jogo de ganhos em todas as pontas, é essencial que a indústria de energia limpa e operações de produção baseadas nas metas de carbono zero cresçam, juntamente, com o fortalecimento de fiscalização ao desmatamento ilegal, modernização das tecnologias aplicadas às atividades do setor primário para acompanhamento de impacto e investimento nos mecanismos de captura de carbono.

Essa consciência da linha de evolução do processo de transição energética e o desenvolvimento de cenários preditivos para tomada de decisão são pontos que indicam o Brasil como ator essencial para garantir que as metas de descarbonização e a ascensão do setor de energia renovável sejam cumpridas em um ritmo compatível à urgência do sistema global. 

Os cenários apresentados são esboços dos caminhos de implementação e benefícios que a trajetória de transição energética podem trazer para a economia nacional e, consequentemente, para o sistema internacional. Para que o Brasil consiga corresponder na prática às expectativas, atraindo interesse de investidores, portanto, é preciso agir nas oportunidades geradas e implementar planos que viabilizem os cenários de transição energética projetados.

 

Amanda Stelitano é pesquisadora do Instituto Propague e mestranda em Economia Política Internacional pela UFRJ.

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