Poucas semanas depois que o Parlamento da União Europeia (UE) aprovou a regulação dos mercados de criptoativos, mais conhecida como MiCA, o mercado financeiro europeu começou a se agitar com o anúncio do primeiro banco nativo DeFi (sigla em inglês para finanças descentralizadas) totalmente regulamentado do continente.
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A responsável pelo projeto é a fintech alemã Unstoppable Finance, fundada em 2021, popular por conta da Ultimate, uma carteira criptográfica auto custodial, lançada em 2022 com base em uma rodada de financiamento de 12,2 milhões de euros.
Além disso, seus fundadores também trabalharam no lançamento da Börse Stuttgart Digital Exchange (BSDEX), a primeira bolsa de criptomoedas regulamentada da Alemanha.
De acordo com a Unstoppable, a proposta com o novo banco DeFi é reconstruir o sistema financeiro da Europa e fortalecer o escopo para enfrentar os riscos destacados pela recente crise global de liquidez bancária que abalou bancos como o Silicon Valley, o Signature, o Silvergate e o Credit Suisse nos primeiros meses de 2023.
Ainda conforme a empresa, a nova instituição deverá oferecer uma ampla gama de serviços bancários e financeiros não apenas no modelo DeFi como também nos moldes convencionais.
Porém, apesar do anúncio, ainda não está exatamente claro quando o trio planeja lançar oficialmente o banco DeFi. Contudo, segundo um porta-voz da empresa, isso deverá acontecer o mais rápido possível, a depender da obtenção de todas as licenças necessárias junto às autoridades europeias.
Banco DeFi chega com stablecoin lastreada em euro
O lançamento do novo banco DeFi virá acompanhado de uma stablecoin lastreada em moeda fiduciária, no caso o euro, representada por um token de dinheiro eletrônico, destinada a preencher a lacuna entre as economias financeiras descentralizadas e tradicionais, funcionando como uma espécie de “ponte”.
Segundo Grosskopf, um dos fundadores do novo banco DeFi, essa nova stablecoin será totalmente apoiada por reservas, atendendo o que dispõe a legislação aprovada recentemente pela UE.
Conforme disse, a Unstoppable tem uma conta no Banco Central Europeu (BCE), onde a empresa deposita “tanto dinheiro quanto possível”, pois acredita que a moeda fiduciária ainda é a forma mais estável de dinheiro nos dias de hoje. “É dinheiro garantido e é isso que tentamos maximizar”, afirma.
Ademais, embora o sistema bancário ainda funcione em grande parte nos trilhos legados, com o dinheiro não fluindo em tempo real, com o advento das stablecoins, Grosskopf destaca que ele se tornou programável, liquidando em segundos o tempo todo e fornecendo transparência aos registros das transações.
“Portanto, agora é a hora de alavancar essa enorme inovação e reconstruir o sistema financeiro para o que construímos hoje”, alega.
Legislação cripto deve estimular crescimento do setor
Na avaliação dos analistas de mercado, embora a MiCA tenha sido aprovada após os colapsos que eliminaram bilhões de dólares de investimentos em cripto em 2022, a nova legislação europeia é capaz de fornecer maior clareza e certeza para empresas que operam nessa indústria.
Aliás, eles acreditam que mais clareza jurídica e estabilidade de mercado irão encorajar, inclusive, projetos cripto inovadores no bloco, a exemplo do novo banco nativo DeFi da Unstoppable.
No entanto, o cenário europeu é diferente de muitas outras jurisdições globais de peso, como os Estados Unidos. Ali, o cenário não é tão encorajador, pois os reguladores estadunidenses, incluindo a Comissão de Valores Mobiliários (SEC na sigla em inglês), e a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), continuam a reprimir as empresas de criptografia, forçando-as a buscar crescimento em outro lugar.
Por outro lado, olhando para o Brasil, a situação é mais promissora. Afinal, a lei de regulação cripto já foi sancionada e encontra-se em implementação, enquanto o real digital está em fase de testes e, assim, a tecnologia DeFi poderá encontrar campo fértil em novos projetos assim como começa a despontar no continente europeu.
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