Nos últimos cinco anos, enquanto a digitalização transformava o setor financeiro, também mudou a forma como a população passou a interagir com os bancos. Com uma proposta de valor fundamentada em produtos e serviços simplificados, focados em qualidade e custo mais baixo, bancos digitais e fintechs se espalharam rapidamente pelo país, provocando mudanças e promovendo a inclusão financeira.
O fenômeno já aparece nos números. Segundo a quinta edição do Ranking de Onboarding (Ranking de Integração, na tradução direta), estudo assinado pela idwall – plataforma de validação de identidade, gestão de riscos e integração digital -, em conjunto com a consultoria Cadarn, a participação dos bancos digitais vem crescendo ano após ano.
Na verdade, a porcentagem de clientes que possuem contas tanto em bancos digitais como tradicionais segue avançando desde 2019, chegando a quase 73% em 2022. Já quando se considera a soma daqueles que têm conta bancária em ambas as instituições com os que têm conta somente em bancos digitais, observa-se que mais de 86% da clientela já aderiu a estes últimos.
Olhando para números absolutos, atualmente, a quantidade de contas digitais extrapola um bilhão em todo o país, o que, de acordo com o estudo, coloca o Brasil como destaque em bancarização digital.
Como resultado, a pesquisa descobriu, ainda, que 45,5% dos brasileiros já preferem ser clientes apenas de bancos digitais. Além disso, quando se compara a proporção de indivíduos com contas em bancos digitais e tradicionais, a relação alcançou pela primeira vez um equilíbrio: 13,5% para contas exclusivamente em bancos digitais e 13,7% só nos tradicionais. Em 2021, essas porcentagens eram, respectivamente, de 13% e 22%.
Vínculos financeiros crescem com bancos digitais
Dada a facilidade trazida pelos bancos digitais, o brasileiro continua buscando ter mais contas bancárias, passando para 5,2 contas por pessoa, de acordo com a publicação. Aliás, com um crescimento de aproximadamente 14 pontos percentuais, entre 2017 e 2021, o Brasil continua sendo um dos países mais bancarizados da América Latina.
Chama atenção que as classes D/E foram as que tiveram mais contas abertas por pessoa registradas. Em termos regionais, a região Nordeste foi a mais representativa quanto a possuir mais contas em banco, com 17% mais contas por pessoa.
Alguns dos motivos para o crescimento em classes mais baixas e expansão regional, justifica o estudo, foram ações como os auxílios governamentais durante a pandemia e a grande adesão de formas de pagamento digitais, como o Pix, que continua a crescer e se tornou um dos métodos de pagamento mais utilizados no Brasil. Tais medidas facilitaram a adesão e o aumento de vínculos financeiros com os bancos digitais, fintechs e os tradicionais.
Também não se pode deixar de citar o advento do Banking as a Service (Banco como serviço), tecnologia que permitiu que instituições não financeiras integrassem serviços financeiros em seu portfólio.
Outro motivador parece ser a busca por diversidade de benefícios em diferentes bancos, com usuários procurando condições melhores e mais vantagens, experimentando produtos e serviços em instituições distintas.
Produtos mais buscados
Quando questionados sobre quais produtos os clientes mais buscam em um banco ou instituição financeira, cerca de 84% apontaram o cartão de crédito. Segundo a publicação, isto pode estar relacionado com o fato de as pessoas manterem vínculos com diversas instituições financeiras a fim de acumular diferentes benefícios.
Em seguida, foram citados cartão de débito (73%), transferência e pagamentos (64%) e investimentos (50%).
Ademais, a pesquisa revelou que os respondentes parecem apresentar maior interesse por produtos mais simples e utilizados no dia a dia.
Com a digitalização, golpes e fraudes aumentaram
Acompanhando o boom da abertura de contas em bancos digitais no Brasil, a segurança cibernética se tornou uma questão essencial para atrair os consumidores. Ainda de acordo com o estudo, o compartilhamento de dados online fez crescer a exposição ao risco de golpes e fraudes.
A saber, mais de um terço das pessoas que responderam à pesquisa disseram ter sido vítima de golpes virtuais, fraude/clonagem de cartões e vazamento de dados nos últimos 12 meses.
Em contrapartida, quase 60% dos usuários afirmaram estar dispostos a compartilhar informações com instituições financeiras no sentido de aumentar a segurança digital, isto por conta da adoção de camadas de proteção.
Entre os métodos que se mostram mais seguros e mais fáceis para a maior parte dos consumidores, a publicação identificou a autenticação biométrica como a digital e a facial – com cerca de 38% e 34%, respectivamente.
Na sequência veio a autenticação por meio da íris do olho, com quase 36% dizendo que a sua segurança é elevada, e as senhas tradicionais, com apenas 28%.
Também ficou claro que os usuários se revelam mais preocupados com a abertura de conta, e que procedimentos de troca de dados, a exemplo de senhas e informações pessoais, demandam mais segurança.
Nesse contexto, a pesquisa apontou que as pessoas preferem realizar cadastros em etapas, para poderem entender mais sobre os aplicativos antes de realizar o restante do cadastramento.
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