De olho na liderança global em inovação financeira, o Reino Unido lançou um centro de inovação liderado pelo setor privado a fim de alimentar o ecossistema de fintechs no país. Batizado de Centro de Finanças, Inovação e Tecnologia (CFTI na sigla em inglês), o novo órgão será inicialmente financiado pelo Tesouro britânico, que comprometeu cinco milhões de libras (aproximadamente US$ 6 milhões) e pela City of London Corporation, que aportou mais 500 mil libras (cerca de US$ 592 mil).
Entretanto, segundo comunicado à imprensa, apesar desse aporte inicial, o novo centro de inovação de apoio às fintechs no Reino Unido será um organismo autofinanciado, sem a necessidade de investimentos adicionais do governo.
Com o início das atividades previsto para 4 de janeiro de 2023, o CFTI será liderado por Charlotte Crosswell, que deixará a presidência da Open Banking Implementation Entity, entidade atualmente responsável pela implementação do Open Banking britânico.
Vale ressaltar que, com a abertura do centro de inovação de suporte à fintechs, o Reino Unido é mais um país que ingressa na lista daqueles que como Singapura, Austrália e Índia reconhecem a importância desse setor e vêm apostando em inovação para fortalecer o mercado, atualmente carente de investimentos.
Isso porque, após um período de forte crescimento, desde o início de 2022, as fintechs se deparam com uma queda no aporte de recursos decorrente da crise econômica internacional. Assim, afirmam os especialistas, tendo em vista a contribuição das startups financeiras na evolução do sistema financeiro em todo o mundo, essas iniciativas surgem como inspiração para que mais países se comprometam a desenvolver projetos para fortalecer esse setor.
Afinal, é indiscutível como as fintechs promovem a inclusão financeira por meio da democratização do acesso a produtos financeiros, especialmente de grupos com dificuldades históricas nesse processo, como as pequenas empresas.
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A que se propõe o novo centro de inovação?
O novo centro de inovação reunirá especialistas em finanças e tecnologia de todo o Reino Unido com o objetivo de criar soluções para os problemas mais desafiadores enfrentados pelas fintechs. Entre eles estão como ajudar as empresas a escalar, como promover a colaboração dentro e entre os centros de fintechs nacionais e regionais em crescimento, e como a inovação financeira pode promover a sustentabilidade e inclusão financeira.
Com esse propósito, ao longo de 2022, um comitê gestor composto pelas partes interessadas no ecossistema de fintechs em todo o país já vem trabalhando em conjunto com a consultoria EY e mais de 80 organizações com o intuito de desenvolver propostas sobre as prioridades, objetivos e requisitos operacionais do novo centro de inovação.
Segundo o secretário econômico do Tesouro britânico, Andrew Griffith, as fintechs têm uma grande história de sucesso no Reino Unido, com empresas ali sediadas criando empregos bem remunerados, melhorando o acesso a serviços financeiros para indivíduos e pequenas empresas, bem como promovendo e vendendo soluções inovadoras do país para todo o mundo. Dessa maneira, explica, o governo está focado em criar um ambiente onde as fintechs possam continuar a prosperar.
Para a líder do novo centro de inovação, Charlotte Crosswell, o Reino Unido está diante de uma oportunidade única de capitalizar o progresso considerável que já foi alcançado entre fintechs, governo e reguladores no sentido de fomentar o setor, garantindo que seu impacto seja sentido em todo o país e até mesmo internacionalmente.
O papel do governo britânico no apoio às fintechs
O novo centro de inovação para apoio a fintechs no Reino Unido é fruto de um trabalho que já vem sendo desenvolvido desde 2020. Naquele ano, o governo contemplou no seu orçamento a condução de uma revisão independente a fim de identificar áreas prioritárias para incentivar o setor.
A revisão foi lançada formalmente em julho do mesmo ano propondo objetivos de suporte ao crescimento e à adoção generalizada de startups financeiras em todo o território britânico visando consolidar a reputação global das fintechs locais.
Além da criação e implementação do atual centro de inovação, entre as propostas de como o Reino Unido pode aproveitar seus pontos fortes, além de criar a estrutura adequada para inovação contínua e dar o suporte necessário ao crescimento das empresas britânicas estão:
- Alterações nas regras de listagem para tornar o país um local mais atraente para IPOs;
- Melhorias nos vistos de tecnologia para atrair talentos globais e aumentar a força de trabalho nas fintechs;
- Criação de uma escala regulatória para o setor no sentido de fornecer suporte adicional para fintechs em estágio de crescimento.
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